Foto: Élio Kohut - Intervalo da Noticias
Em
Prudentópolis, a greve foi estimada em 80% de adesão, de acordo com o
professor Mauro Luiz Mehl. Segundo ele, os pais e os alunos estão
cientes da pauta de reivindicações pela própria observação do dia a dia
das escolas e que a classe estaria descontente com a falta de uma
negociação efetiva. Como Tatiana, Mehl ressalta que acordos não estão
sendo cumpridos, como a aplicação do Piso Nacional do Magistério,
regulamentado por uma lei federal. “O governo, por exemplo, usa o
argumento, para não pagar hora-atividade, de que a hora-aula tem 60
minutos. No Estado do Paraná, isso não é verdade. O Estatuto do
Magistério deixa bem claro que a hora-aula tem 50 minutos e, nesse caso,
não estamos recebendo 33% de hora-atividade”, complementa o professor.
Mehl
também destaca o fato de que professores aposentados e mesmo os que
estão na ativa não estão recebendo a devida assistência do SAS. Muitos
estão precisando se afastar das salas de aula por estarem adoecendo e
vários deles por consequência da depressão. “Por que os professores não
têm um plano de saúde como as outras classes?”, questionou.
O
professor ainda ressalta a urgência em haver concursos públicos para
efetivar os professores do regime PSS, que tem um caráter provisório,
assegurando-lhes dignidade e os mesmos benefícios dos demais
professores.
“Não temos medo de repressões, pois estamos
amparados pela carta magna do país, a Constituição Federal, em todos os
sentidos. Não temos medo de nada. Sabemos que já está havendo
retaliações, como, por exemplo, os Núcleos mandarem cartas às escolas
dizendo que os PSSs e que o pessoal do estágio probatório não pode fazer
greve. Isso é uma inverdade”, critica Mehl.
O professor ressalta
que a ideia é manter o estado de greve pelo menor tempo possível, por
ser uma situação desconfortável também para os professores. “Mas não
vamos ficar sujeitos a desmandos. Espero que os pais tenham a
compreensão, sabemos que podemos contar com a compreensão dos alunos.
Esperamos que isso seja resolvido da melhor forma possível e o quanto
antes, mas precisa de negociação efetiva”, complementa.
Vale
ressaltar que todos os dias sem aula deverão ser, posteriormente,
repostos; de modo que uma greve extensa demais seria prejudicial não
apenas aos alunos como também para os próprios professores, que esperam
que a pauta de reivindicações seja atendida imediatamente.
Reivindicações
O Sindicato destaca na pauta de 50
reivindicações 13 itens considerados emergenciais. “A questão da
hora-atividade não é simplesmente por mais uma hora-atividade, mas para
garantirmos que os direitos adquiridos pelos trabalhadores no decorrer
dos anos sejam respeitados. Se nós não lutarmos para que nossos direitos
sejam respeitados agora, daqui a pouco estaremos perdendo outros
direitos adquiridos pela categoria dos trabalhadores em Educação”,
argumenta a presidente da APP.
Além da hora-atividade, os
professores também reivindicam a aplicação do Piso Nacional e o reajuste
salarial tanto para professores quanto para funcionários das escolas.
Além disso, eles solicitam que os servidores estaduais tenham seus
reajustes de acordo com o salário mínimo regional. “Hoje o Estado do
Paraná estabelece um salário mínimo regional, mas não cumpre com ele
para seus próprios servidores. O agente educacional I hoje ganha menos
do que o salário regional estabelecido pelo Estado do Paraná”, aponta.
Conforme
Tatiana, de fato houve o acordo com a Secretaria de Educação. “Mas a
categoria não quer isso parcelado, porque ele [o governo do Estado] quer
parcelar até o fim do ano. Ele parcela nossas promoções e progressões,
em torno de R$ 100 milhões, para toda a categoria, mas dá R$ 4 mil de
auxílio-moradia para os juízes. Se cada um fizer a conta do que
significa R$ 4 mil de auxílio-moradia para os juízes, vai ver que esse é
um valor bem grande, se comparado ao que o governo deve para nós”,
pondera.
Outro ponto de reivindicações dos professores diz
respeito ao SAS – Sistema de Assistência à Saúde. Tatiana diz ser
defensora do SUS, mas que o Estatuto do Servidor diz que ele deve ter um
plano de saúde ofertado pelo Estado. “Se esse é um direito adquirido
pelo servidor em 1970, por que vamos rejeitá-lo neste momento, se foi
conquista dos trabalhadores?”, questiona. Tatiana preferiu omitir os
nomes das escolas, mas acusou que existe funcionários que estão indo
trabalhar com problemas de locomoção, porque não podem perder o
auxílio-transporte, ao qual supostamente não teriam direito se tirarem
licença médica.
De acordo com a presidente do sindicato, escolas
também não receberam o fundo rotativo até 19 de março (quando houve a
primeira paralisação dos professores). “Não vamos voltar para as escolas
enquanto o governo Estado não apresentar uma proposta”, afirma.
Tatiana
também comentou a afirmação do secretário de Educação do Paraná, Paulo
Schmidt, em entrevista à Najuá, de que os 33% de hora-atividade
reivindicados serão atendidos somente no ano que vem. “Coloque isso no
papel, até porque não sabemos quem será o governador no ano que vem.
Isso tem que ficar estabelecido, ficar organizado e não veio como
proposta”, comenta.
A presidente do sindicato critica o governo
estadual, dizendo que ele não tem cumprido os acordos firmados em
negociações anteriores. “Eles falaram que no ano passado já teria a
hora-atividade em dezembro e não cumpriram. Dia 19 de março, tivemos uma
nova paralisação, e eles acordaram que o porte de escola não seria
diminuído e que ninguém sairia das escolas”, ressalta. Tatiana alega que
esse problema de diminuição do porte de escolas afetou uma série de
instituições, com remanejamento de funcionários.
Confira aqui a entrevista com professor Mauro Luiz Melh
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