quinta-feira, 24 de abril de 2014

Em Prudentópolis adesão à greve foi de 80%

Foto: Élio Kohut - Intervalo da Noticias
Em Prudentópolis, a greve foi estimada em 80% de adesão, de acordo com o professor Mauro Luiz Mehl. Segundo ele, os pais e os alunos estão cientes da pauta de reivindicações pela própria observação do dia a dia das escolas e que a classe estaria descontente com a falta de uma negociação efetiva. Como Tatiana, Mehl ressalta que acordos não estão sendo cumpridos, como a aplicação do Piso Nacional do Magistério, regulamentado por uma lei federal. “O governo, por exemplo, usa o argumento, para não pagar hora-atividade, de que a hora-aula tem 60 minutos. No Estado do Paraná, isso não é verdade. O Estatuto do Magistério deixa bem claro que a hora-aula tem 50 minutos e, nesse caso, não estamos recebendo 33% de hora-atividade”, complementa o professor.
Mehl também destaca o fato de que professores aposentados e mesmo os que estão na ativa não estão recebendo a devida assistência do SAS. Muitos estão precisando se afastar das salas de aula por estarem adoecendo e vários deles por consequência da depressão. “Por que os professores não têm um plano de saúde como as outras classes?”, questionou.
O professor ainda ressalta a urgência em haver concursos públicos para efetivar os professores do regime PSS, que tem um caráter provisório, assegurando-lhes dignidade e os mesmos benefícios dos demais professores.
“Não temos medo de repressões, pois estamos amparados pela carta magna do país, a Constituição Federal, em todos os sentidos. Não temos medo de nada. Sabemos que já está havendo retaliações, como, por exemplo, os Núcleos mandarem cartas às escolas dizendo que os PSSs e que o pessoal do estágio probatório não pode fazer greve. Isso é uma inverdade”, critica Mehl.
O professor ressalta que a ideia é manter o estado de greve pelo menor tempo possível, por ser uma situação desconfortável também para os professores. “Mas não vamos ficar sujeitos a desmandos. Espero que os pais tenham a compreensão, sabemos que podemos contar com a compreensão dos alunos. Esperamos que isso seja resolvido da melhor forma possível e o quanto antes, mas precisa de negociação efetiva”, complementa.
Vale ressaltar que todos os dias sem aula deverão ser, posteriormente, repostos; de modo que uma greve extensa demais seria prejudicial não apenas aos alunos como também para os próprios professores, que esperam que a pauta de reivindicações seja atendida imediatamente.
Reivindicações
O Sindicato destaca na pauta de 50 reivindicações 13 itens considerados emergenciais. “A questão da hora-atividade não é simplesmente por mais uma hora-atividade, mas para garantirmos que os direitos adquiridos pelos trabalhadores no decorrer dos anos sejam respeitados. Se nós não lutarmos para que nossos direitos sejam respeitados agora, daqui a pouco estaremos perdendo outros direitos adquiridos pela categoria dos trabalhadores em Educação”, argumenta a presidente da APP.
Além da hora-atividade, os professores também reivindicam a aplicação do Piso Nacional e o reajuste salarial tanto para professores quanto para funcionários das escolas. Além disso, eles solicitam que os servidores estaduais tenham seus reajustes de acordo com o salário mínimo regional. “Hoje o Estado do Paraná estabelece um salário mínimo regional, mas não cumpre com ele para seus próprios servidores. O agente educacional I hoje ganha menos do que o salário regional estabelecido pelo Estado do Paraná”, aponta.
Conforme Tatiana, de fato houve o acordo com a Secretaria de Educação. “Mas a categoria não quer isso parcelado, porque ele [o governo do Estado] quer parcelar até o fim do ano. Ele parcela nossas promoções e progressões, em torno de R$ 100 milhões, para toda a categoria, mas dá R$ 4 mil de auxílio-moradia para os juízes. Se cada um fizer a conta do que significa R$ 4 mil de auxílio-moradia para os juízes, vai ver que esse é um valor bem grande, se comparado ao que o governo deve para nós”, pondera.
Outro ponto de reivindicações dos professores diz respeito ao SAS – Sistema de Assistência à Saúde. Tatiana diz ser defensora do SUS, mas que o Estatuto do Servidor diz que ele deve ter um plano de saúde ofertado pelo Estado. “Se esse é um direito adquirido pelo servidor em 1970, por que vamos rejeitá-lo neste momento, se foi conquista dos trabalhadores?”, questiona. Tatiana preferiu omitir os nomes das escolas, mas acusou que existe funcionários que estão indo trabalhar com problemas de locomoção, porque não podem perder o auxílio-transporte, ao qual supostamente não teriam direito se tirarem licença médica.
De acordo com a presidente do sindicato, escolas também não receberam o fundo rotativo até 19 de março (quando houve a primeira paralisação dos professores). “Não vamos voltar para as escolas enquanto o governo Estado não apresentar uma proposta”, afirma.
Tatiana também comentou a afirmação do secretário de Educação do Paraná, Paulo Schmidt, em entrevista à Najuá, de que os 33% de hora-atividade reivindicados serão atendidos somente no ano que vem. “Coloque isso no papel, até porque não sabemos quem será o governador no ano que vem. Isso tem que ficar estabelecido, ficar organizado e não veio como proposta”, comenta.
A presidente do sindicato critica o governo estadual, dizendo que ele não tem cumprido os acordos firmados em negociações anteriores. “Eles falaram que no ano passado já teria a hora-atividade em dezembro e não cumpriram. Dia 19 de março, tivemos uma nova paralisação, e eles acordaram que o porte de escola não seria diminuído e que ninguém sairia das escolas”, ressalta. Tatiana alega que esse problema de diminuição do porte de escolas afetou uma série de instituições, com remanejamento de funcionários.
Confira aqui a entrevista com professor Mauro Luiz Melh

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