Agentes da Polícia Militar (PM) lotados no Quartel do Comando Geral
da corporação estão, há seis meses, sem poder se alimentar no refeitório
da unidade. A ordem é reforçada por um ofício, afixado na entrada do
rancho do quartel, que destaca que apenas policiais que atuam na guarda
de presos podem comer no local. Segundo a Associação dos Praças do
Paraná (Apra), o corte das refeições atinge todos os batalhões da
instituição no estado.
“Os policiais cumprem escalas superiores a 12 horas, mas, ainda
assim, não há comida para eles no rancho. Vão às ruas de estômago vazio.
E policial sente fome”, resumiu o presidente da Apra, Orelio Fontana
Neto.
Quatro policiais militares – três lotados no Quartel do Comando e um,
no 13.º Batalhão – ouvidos pela Gazeta do Povo relatam que os próprios
agentes têm se unido para driblar o corte da alimentação. Os praças
chegam a fazer “vaquinhas” para comprar pão e manteiga, para suportar os
expedientes estendidos. “Ou é trazer marmita de casa, ou é tirar
dinheiro do bolso para comer”, lamentou um policial.
Em setembro de 2013, a Apra ingressou com uma ação civil pública, na
2.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, com o objetivo de forçar o
estado a voltar a fornecer alimentação aos PMs. O processo ainda tramita
na Justiça. A Associação de Defesa dos Direitos dos Militares (Amai)
aponta que, por receberem remuneração por subsídio, os policiais
militares não podem ganhar benefícios extras, como vale-alimentação.
Esse entrave, na avaliação da entidade, agrava o problema. “Não pode
para policial, mas pode para juiz”, disse o advogado da Amai, Marinson
Albuquerque.
Sem receber há meses, uma padaria suspendeu a entrega de pães à
corporação. Em um ofício encaminhado à PM, o empresário justifica que o
calote lhe causou “dificuldades de saldar os salários dos funcionários, o
13.º e capitalizar recursos para compra de matéria-prima”. O texto foi
afixado pela polícia na porta do rancho do quartel. A instituição
afirmou que só se pronunciaria hoje sobre o assunto.
Confira o ofício:
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